Anais do XXXV Congresso Brasileiro de Ciência do Solo
GÊNESE DE SOLOS SALINOS EM CLIMOSSEQUÊNCIA ÁRIDO – HIPERÁRIDO NO DESERTO DO ATACAMA, NORTE DO CHILE.
DAVI FEITAL GJORUP(1); CARLOS ERNESTO G. R. SCHAEFER(2); MÁRCIO ROCHA FRANCELINO(2); 1 - UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA; 2 - UFV;
Os desertos são ecossistemas importantes e pouco conhecidos do ponto de vista pedológico. Há grandes lacunas no conhecimento a respeito dos solos e processos pedogenéticos tipicamente áridos. Neste trabalho se investigou a pedogênese de solos salinos em uma climossequência árido – hiperárido no Deserto do Atacama, através da mineralogia e microquímica dos solos. Foram coletados dois perfis de solo, um submetido a clima árido e outro a hiperárido. A mineralogia foi analisada a partir de difratometria de Raios-X, e a microquímica a partir de dados de microscopia eletrônica (MEV/EDS). Ambos os solos apresentam características típicas de solos desérticos, em que a acumulação de sais é evidente. Os solos são constituídos de frações grosseiras silicatadas cimentadas por matriz salina. A natureza dos sais da matriz variou entre os dois solos. No solo sob clima árido predomina matriz dominada por carbonato de cálcio. No solo sob clima hiperárido a matriz é composta por sulfetos de cálcio e dominada por gipsita. As diferenças de solubilidade dos cimentos permitem verificar que os dois solos apresentam diferenças dentro de uma tendência geral de salinização. No solo árido verifica-se algum grau de lixiviação, possibilitando a acumulação de cimento moderadamente solúvel. No clima hiperárido a virtual ausência de lixiviação permitiu a acumulação de cimento com alta solubilidade. Verifica-se, portanto, uma variação no processo de salinização dentro do espectro climático da climossequência no Deserto do Atacama.