Anais do XXXV Congresso Brasileiro de Ciência do Solo
MUDANÇAS NO USO E COBERTURA DAS TERRAS DA BACIA DO RIO BRÍGIDA, EM PERNAMBUCO, E SUAS IMPLICAÇÕES NO PROCESSO DE DESERTIFICAÇÃ
LUCIANO JOSÉ DE OLIVEIRA ACCIOLY(1); EDILTON DE ALBUQUERQUE CAVALCANTI JUNIOR(2); ADEMAR BARROS DA SILVA(1); JHONATAS DE BARROS QUEIROZ SOARES(3); 1 - EMBRAPA; 2 - UFRPE; 3 - UFPE;
Mudanças no uso e na cobertura do solo provocadas pela expansão da agropecuária em regiões semiáridas podem levar à desertificacão. Este trabalho se propõe a avaliar os impactos dessas mudanças e suas possíveis consequências sobre a desertificação na bacia do Rio Brígida, no semiárido pernambucano. Para estudar as mudanças nos cerca de 13.500 km2 da bacia foi utilizada a classificação supervisionada em imagens de 1987 e 2014, radiometricamente corrigidas, dos sensores Landsat 5 TM e Landsat 8 LDCM, respectivamente. Houve redução de 18% e expansão de 50% nas áreas de vegetação nativa e agropecuária, respectivamente, indicando um aumento de vulnerabilidade à desertificação durante o período. Dados secundários sugerem redução da capacidade suporte e aumento do sobrepastejo. O surgimento de 9.400 ha de áreas irrigadas introduziu um novo fator de risco de desertificação – a salinização dos solos. Com relação as mudanças na distribuição espacial das classes de cobertura, as áreas com vegetação de cerrado permaneceram no mesmo local numa proporção de 56%, sugerindo manutenção da qualidade do solo. A manutenção desta área é atribuída às exigências legais do código florestal. A substituição das áreas de mata seca que ocupam as encostas da chapada do Araripe pela atividade agropecuária eleva os riscos de erosão e portanto os riscos de desertificação. As alterações no uso e na cobertura indicam, portanto, um agravamento dos fatores de risco à desertificação na maior parte da bacia do rio Brígida.