RESUMO: O setor agrícola é estratégico para a redução das emissões dos gases de efeito estufa (GEE), causadoras do aquecimento global. Os vigentes mercados de carbono não abrangem todos os segmentos da agricultura, contribuindo na concentração do capital neste setor, excluindo os pequenos produtores rurais. Inventariar estas emissões possibilita dar visibilidade à efetiva contribuição destes produtores às mudanças climáticas, em especial o sistema de cultivo orgânico, capaz de melhorar a qualidade da matéria orgânica e aumentar o Estoque de Carbono no solo. Este artigo objetiva inventariar as emissões de GEE em pequena propriedade rural, que produz alimentos orgânicos, localizada no município de Seropédica, RJ. Para a análise laboratorial do estoque de Carbono e Nitrogênio, utilizou-se a metodologia de Dumas. Para a estimativa das emissões líquidas seguiu-se a metodologia descrita na Ferramenta de Cálculo do Green House Gas Agriculture Protocol do II Inventário Brasileiro de Emissões Antrópicas de Gases de Efeito Estufa - IPCC Guidelines 2006. Considerado um período de 20 anos, as emissões totalizaram 52,8 t CO2e.ha-1. O sequestro de Carbono do solo, proveniente das Mudanças de Sistemas de Manejo, alcançou um estoque 3390 t CO2e.ha-1. Em decorrência, este sistema de cultivo orgânico produz um potencial de redução dos GEE de 3337,2 t CO2e.ha-1. Este significativo resultado mostra a capacidade de mitigação dos GEE desse sistema ao acumular Carbono no solo. Em decorrência, tal fato fornece a esses produtores credenciais à entrada no mercado de carbono e, portanto, ser remunerado em seus serviços ambientais, como já ocorre em outros países.